Cada cavidade é incapaz de distinguir quanto de cada
cor caiu dentro dela, então a explicação dada na ilustração acima serve apenas
para a criação de imagens em tons de cinza. Para capturar imagens coloridas é
necessário colocar um filtro sobre cada cavidade de modo que haja somente
penetração de uma cor específica. Praticamente todas as câmaras digitais que
existem hoje são capazes apenas de capturar uma cor primária em cada uma das
cavidades, desse modo descartam aproximadamente 2/3 de toda a luz que atinge o
sensor. Como resultado, a câmara tem que realizar uma aproximação para estimar
a informação relacionada às outras duas cores primárias para obter a descrição
completa de cores num determinado pixel. A disposição de filtros de cor mais
comum é chamada de "Bayer array" e é mostrada na ilustração abaixo.
Uma
"Bayer array" consiste em alternar as linhas de filtros vermelho e
verde com linhas de filtros verdes e azuis. Note como a "Bayer array"
contém duas vezes mais sensores verdes do que sensores azuis ou vermelhos. Isso
ocorre pois o olho humano é muito mais sensível à luz verde do que à vermelha e
azul. A redundância do verde produz imagens que aparentam ter muito menos ruído
e com mais detalhes do que se cada cor fosse tratada igualmente. Isso também
explica porque o ruído no canal verde é muito menor do que nos outros dois.
Nota:
nem todas as câmaras utilizam uma "Bayer array", mas esta é, de
longe, a configuração mais comum para os sensores. O sensor "Foveon"
usado nas Sigma SD9 e SD10 captura as três cores primárias em cada um dos pixéis.
As câmeras da Sony capturam quatro cores numa disposição similar a de
"Bayer": vermelho, verde, azul e 'esmeralda'.
"Bayer
demosaicing"
"Bayer
demosaicing" é o processo de tradução da "Bayer array" de cores
primárias numa imagem final que contém informação completa de cor em cada
pixel. Como isso é possível se a câmara é incapaz de medir a cor total
diretamente? Uma maneira de entender isso é pensar em uma cavidade de cor ao
invés de grupos de 2x2 cavidades de vermelho, verde e azul.
Isso
funcionaria muito bem, mas a maioria das câmaras tira vantagem de dois
processos adicionais para extrair ainda mais dados de cor dessa configuração.
Se a câmara tratou cada uma das cores dos grupos de 2x2 como se tivesse chegado
ao mesmo lugar, então ela obtém somente a metade da resolução horizontal e
vertical que é capaz de fazer. Se, por outro lado, a câmara computar a cor
usando combinações de diversos grupos de 2x2 'sobrepostos', então ela obteria
uma imagem de resolução maior do que usando apenas um grupo de 2x2 para cada
pixel. Veja a combinação de sobreposição na ilustração abaixo.
Note
como não foi calculada a informação nas bordas do conjunto, já que ela só
estaria disponível se houvesse mais sensores para os lados e para cima. é por
isso que quando o cálculo ocorre nas bordas dos sensores de câmeras digitais um
pouco de informação tem que ser descartada, o que não é um problema muito
grave, quando lembramos que se tratam de imagens de megapixéis, ou seja, alguns
pixels a menos...
Existem
outros algoritmos de "demosaicing" que são capazes de extrair mais resolução,
produzir imagens com menos ruídos ou adaptar-se para aproximar melhor a imagem
em cada ponto; obviamente estes são demasiado complexos para o presente texto.
Artefatos de
'demosaicing'
Imagens
com detalhes muito pequenos (na mesma escala do limite de resolução do sensor)
podem, as vezes, enganar o algoritmo de 'demosaicing', produzindo um resultado
com um aspecto não muito realista. O artefato que aparece mais é chamado de
moiré (pronuncia-se 'moar-ei'), que se pode apresentar como um padrão que se
repete, uma disposição de cor ou ainda arranjos de pixéis que se parecem com um
estranho 'labirinto'.
Duas
fotos diferentes são mostradas na imagem acima, cada uma com um grau de
magnificação. Note o aparecimento do moiré em todos os quatro quadrados na
imagem de baixo, bem como no terceiro quadrado da primeira imagem (repare nas
linhas diagonais muito sutis). Ambos os padrões que se parecem a labirintos e
as disposições coloridas podem ser vistos no terceiro quadrado da versão
diminuída. Esses artefatos dependem tanto do tipo de textura da imagem original
quanto do software utilizado para tratar a imagem capturada.
Conjuntos
de Microlentes
Deve
ter perguntado porque o primeiro diagrama não mostrava as cavidades do sensor
coladas umas nas outras. Os sensores de câmaras no mundo real não têm sítios
cobrindo a superfície inteira do sensor. Na verdade eles normalmente cobrem
somente metade da área total do sensor, já que outras partes eletrônicas tem
que ser colocadas também. Mas cada uma das cavidades possui 'microlentes' logo
acima delas que funcionam como funis para aumentar a capacidade de captação de
cada sítio, assim é possível medir fótons que poderiam ter acabado em lugares
sem sensibilidade. Na imagem abaixo as cavidade são mostradas com um pequeno
pico entre elas que direcionam os fótons para a cavidade.
Microlentes
bem feitas podem melhorar o sinal fotônico em cada fotosítio e, dessa forma,
pelo mesmo tempo de exposição, criar imagens que têm menos ruído. Fabricantes
de câmaras utilizam os avanços na tecnologia de microlentes para reduzir (ou
manter) o ruído nas últimas câmaras de alta resolução, apesar de terem
fotosítios menores devido ao fato de terem a mesma quantidade de megapixéis na
mesma área de sensor.
Fonte: Cambridge in Colour
Fonte: Cambridge in Colour
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