O DIZPARA teve o prazer de entrevistar o fotógrafo André Boto, ao qual deixamos o nosso agradecimento pela disponibilidade, e votos de continuação de uma brilhante carreira!
André Boto |
Biografia:
Nasceu em Lagos a 6 de Março de 1985, fez toda a sua infância em Silves
.
Em 2007 concluía a Licenciatura em Artes Decorativas, na Escola
Superior de Educação de Beja. Em 2008 inicia a odisseia fotográfica em Lisboa,
na Oficina da Imagem, completando o curso de Fotografia Avançada em 2008 e
Fotografia Conceptual em 2009.
Neste
momento, reside na área de Lisboa e efectua maioritariamente trabalhos
fotográficos na área de projectos criativos de autor e de decoração, fotografia
publicitária, arquitectura, industrial.
Ao todo, conta com quase 100 diferentes
distinções na área da fotografia, nacional e internacionalmente e realiza com frequência em exposições
colectivas e individuais.
DIZPARA: Quando e como descobriu o seu gosto pela fotografia?
André Boto: Foi algo que
surgiu sem uma explicação óbvia, pois ninguém na minha família tinha ligação à
fotografia ou às artes. Recebi a primeira pequena camera de presente aos 18
anos, mas como a fotografia estava ainda longe de se tornar um hobbie, nem
tenho recordações das primeiras fotografias feitas.
Sempre
tive uma grande ligação às artes, e em novo desenhava bastante, quando recebi a
primeira camera, a fotografia passou a ser um complemento do desenho, pois
servia-me para congelar a realidade, servindo-me de referência para desenhar
mais tarde, num tipo de desenho que era a representação do real.
A
partir desta fase, e à medida que fui explorando a camera, os meus objectivos e
interesse em torno na fotografia foram aumentando, sendo que hoje me dedico
apenas à fotografia.
DIZPARA:
Qual o seu percurso até aos dias de hoje?
André Boto: Toda a minha base
tem uma ligação às artes, os meus autores de referência dos meus tempos de
juventude não têm ligação á fotografia, são eles: M.C.Escher, René Magritte e
Salvador Dali. Todos eles têm um ponto em comum, um estilo que vai muito para
além daquilo que se pode observar na realidade, todos produziram a sua obra com
base em ambientes surreais, ilusões de óptica e imagens contraditórias, é uma
forma diferente de atribuir impacto à criação.
Comecei
a interessar-me por estes autores e pelo estilo Surrealismo, e é assim que
surge o objectivo de ligar o Surrealismo à fotografia, que surge como apenas um
meio para atingir um fim.
Foi
na Oficina da Imagem, já em Lisboa que pelas mãos do Mestre Carlos Marques,
compreendo que poderia vir a fazer vida da fotografia, as críticas ao meu
trabalho eram animadores, não se resumindo só ao “gosto”, eram algo que me
fazia acreditar que evoluindo poderia chegar mais longe, e foi assim que acabei
por me dedicar à fotografia a tempo inteiro depois da formação específica em
fotografia feita na Oficina da Imagem.
DIZPARA:
Quais
os marcos e/ou acontecimentos mais importantes no seu percurso? Pode
identificar os que mais o marcaram?
André Boto: Provavelmente serão
3 os acontecimentos mais importantes.
O
primeiro deles foi a ida para a Oficina da Imagem, como explicava acima,
encontrei as pessoas certas na altura certa, que me deram todo o apoio e
ensinamentos para poder evoluir e progredir.
Em
segundo lugar, foi a conquista do certificado QEP (Qualified European
Photographer), em 2009 pela FEP (Federation of European Profissional
Photographers), é um certificado dado a fotógrafos europeus, depois de um
projecto constituído por 12 trabalhos ser submetido a análise por um exigente
júri. Esta foi a primeira vez que submeti o meu projecto Surrealismo à análise
de um júri. Em 2010 concorri a Master QEP (o grau máximo da FEP, projecto de 20
imagens obrigatoriamente) e consegui, sendo o primeiro português e o mais jovem
europeu a consegui-lo. Foi gratificante ver o fruto do meu trabalho a ser
reconhecido desta forma, deu uma forte motivação para continuar.
Em
terceiro lugar, surge a mais importante distinção que consegui, o Prémio de
Fotógrafo Europeu do Ano 2010, pela FEP, também com uma imagem do projecto
Surrealismo. Provavelmente, o mais importante foi sentir que o risco de fazer
um trabalho diferente pode ser recompensado, e quando isso acontece o impacto é
muito grande, senti que o caminho que eu tinha escolhido para mim e para o meu
trabalho era o correcto, e desta forma prossegui trabalhando neste estilo.
DIZPARA:
Quer
deixar algum conselho/crítica ao clube e aos seus membros?
André Boto: Nunca é simples
aconselhar os outros, mas há algumas coisas que julgo importantes para que se
consiga atingir aquilo que pretendemos na fotografia, dependendo do tipo de
trabalho de cada um, no meu caso aconselho: paciência, persistência e
distanciamento. Tentar olhar para o nosso trabalho de forma o mais isenta
possível, de forma a olharmos e conseguirmos ver, por vezes só é possível
alguns dias depois de um trabalho terminado.
É
importante estar rodeado por pessoas com sentido crítico, que possam dar-nos
uma opinião sincera e construtiva, esta é a melhor forma de evoluirmos, desde
que estejamos abertos à crítica.
Terminamos a entrevista a André Boto com uma seleção de algumas das suas fotografias, gentilmente cedidas para a publicação da entrevista. (clique nas imagens para ampliar)
AVISO: Os direitos de autor e propriedade intelectual das fotografias apresentadas são propriedade única e exclusiva do respetivo autor.
Projecto Surrealismo Imagem Vencedora do Prémio de Fotógrafo Europeu do Ano 2010 |
Projecto Surrealismo |
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Arquitectura Impossível |
Arquitectura Impossível |
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