quinta-feira, 1 de março de 2012

DP.interview.002 - André Boto, Surrealismo, uma outra visão do mundo






O DIZPARA teve o prazer de entrevistar o fotógrafo André Boto, ao qual deixamos o nosso agradecimento pela disponibilidade, e votos de continuação de uma brilhante carreira!


André Boto


Biografia:

Nasceu em Lagos a 6 de Março de 1985, fez toda a sua infância em Silves .
Em 2007 concluía a  Licenciatura em Artes Decorativas, na Escola Superior de Educação de Beja. Em 2008 inicia a odisseia fotográfica em Lisboa, na Oficina da Imagem, completando o curso de Fotografia Avançada em 2008 e Fotografia Conceptual em 2009.
Neste momento, reside na área de Lisboa e efectua maioritariamente trabalhos fotográficos na área de projectos criativos de autor e de decoração, fotografia publicitária, arquitectura, industrial.
Ao todo, conta com quase 100 diferentes distinções na área da fotografia, nacional e internacionalmente e  realiza com frequência em exposições colectivas e individuais.
E se os objectos ganhassem vida



DIZPARA: Quando e como descobriu o seu gosto pela fotografia?

André Boto: Foi algo que surgiu sem uma explicação óbvia, pois ninguém na minha família tinha ligação à fotografia ou às artes. Recebi a primeira pequena camera de presente aos 18 anos, mas como a fotografia estava ainda longe de se tornar um hobbie, nem tenho recordações das primeiras fotografias feitas.
Sempre tive uma grande ligação às artes, e em novo desenhava bastante, quando recebi a primeira camera, a fotografia passou a ser um complemento do desenho, pois servia-me para congelar a realidade, servindo-me de referência para desenhar mais tarde, num tipo de desenho que era a representação do real.
A partir desta fase, e à medida que fui explorando a camera, os meus objectivos e interesse em torno na fotografia foram aumentando, sendo que hoje me dedico apenas à fotografia.


DIZPARA: Qual o seu percurso até aos dias de hoje?

André Boto: Toda a minha base tem uma ligação às artes, os meus autores de referência dos meus tempos de juventude não têm ligação á fotografia, são eles: M.C.Escher, René Magritte e Salvador Dali. Todos eles têm um ponto em comum, um estilo que vai muito para além daquilo que se pode observar na realidade, todos produziram a sua obra com base em ambientes surreais, ilusões de óptica e imagens contraditórias, é uma forma diferente de atribuir impacto à criação.
Comecei a interessar-me por estes autores e pelo estilo Surrealismo, e é assim que surge o objectivo de ligar o Surrealismo à fotografia, que surge como apenas um meio para atingir um fim.
Foi na Oficina da Imagem, já em Lisboa que pelas mãos do Mestre Carlos Marques, compreendo que poderia vir a fazer vida da fotografia, as críticas ao meu trabalho eram animadores, não se resumindo só ao “gosto”, eram algo que me fazia acreditar que evoluindo poderia chegar mais longe, e foi assim que acabei por me dedicar à fotografia a tempo inteiro depois da formação específica em fotografia feita na Oficina da Imagem.


DIZPARA: Quais os marcos e/ou acontecimentos mais importantes no seu percurso? Pode identificar os que mais o marcaram?

André Boto: Provavelmente serão 3 os acontecimentos mais importantes.
O primeiro deles foi a ida para a Oficina da Imagem, como explicava acima, encontrei as pessoas certas na altura certa, que me deram todo o apoio e ensinamentos para poder evoluir e progredir.

Em segundo lugar, foi a conquista do certificado QEP (Qualified European Photographer), em 2009 pela FEP (Federation of European Profissional Photographers), é um certificado dado a fotógrafos europeus, depois de um projecto constituído por 12 trabalhos ser submetido a análise por um exigente júri. Esta foi a primeira vez que submeti o meu projecto Surrealismo à análise de um júri. Em 2010 concorri a Master QEP (o grau máximo da FEP, projecto de 20 imagens obrigatoriamente) e consegui, sendo o primeiro português e o mais jovem europeu a consegui-lo. Foi gratificante ver o fruto do meu trabalho a ser reconhecido desta forma, deu uma forte motivação para continuar.

Em terceiro lugar, surge a mais importante distinção que consegui, o Prémio de Fotógrafo Europeu do Ano 2010, pela FEP, também com uma imagem do projecto Surrealismo. Provavelmente, o mais importante foi sentir que o risco de fazer um trabalho diferente pode ser recompensado, e quando isso acontece o impacto é muito grande, senti que o caminho que eu tinha escolhido para mim e para o meu trabalho era o correcto, e desta forma prossegui trabalhando neste estilo.


DIZPARA: Quer deixar algum conselho/crítica ao clube e aos seus membros?

André Boto: Nunca é simples aconselhar os outros, mas há algumas coisas que julgo importantes para que se consiga atingir aquilo que pretendemos na fotografia, dependendo do tipo de trabalho de cada um, no meu caso aconselho: paciência, persistência e distanciamento. Tentar olhar para o nosso trabalho de forma o mais isenta possível, de forma a olharmos e conseguirmos ver, por vezes só é possível alguns dias depois de um trabalho terminado.
É importante estar rodeado por pessoas com sentido crítico, que possam dar-nos uma opinião sincera e construtiva, esta é a melhor forma de evoluirmos, desde que estejamos abertos à crítica.


   


Terminamos a entrevista a André Boto com uma seleção de algumas das suas fotografias, gentilmente cedidas para a publicação da entrevista. (clique nas imagens para ampliar) 

AVISO: Os direitos de autor e propriedade intelectual das fotografias apresentadas são propriedade única e exclusiva do respetivo autor.

Projecto Surrealismo
Imagem Vencedora do Prémio de Fotógrafo Europeu do Ano 2010

Projecto Surrealismo

Projecto Surrealismo



Arquitectura Impossível

Arquitectura Impossível

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